sábado, 18 de maio de 2019

Eurovisão em Israel não é apenas questão política, é lixo travestido de entretenimento

Têm surgido algumas discussões sobre o facto da realização do festival da Eurovisão em Israel ser ou não ser uma questão política:
https://www.dw.com/en/opinion-should-the-eurovision-song-contest-be-politicized/a-48781995
Por mim, não tenho dúvida que tem um carácter político, com Israel a querer branquear as suas práticas políticas agressivas e ilegais que atentam contra os direitos humanos e o direito internacional. Atente-se às diversas polémicas que surgiram à volta da realização do certame e aos apelos de boicote:
https://www.dw.com/en/eurovision-in-israel-tel-aviv-caught-between-partying-and-politics/a-48722781
https://www.bbc.com/mundo/noticias-48316759
http://publico.pt/1869540
https://rr.sapo.pt/noticia/139309/tirem-a-eurovisao-de-israel-o-apelo-de-peter-gabriel-roger-waters-e-outros-artistas-a-bbc
Em Portugal, também houve apelos a que o representante nacional não actuasse em Israel:
http://publico.pt/1867154
e o Expresso divulgou um vídeo a explicar as razões do apelo ao boicote:
https://www.msn.com/pt-pt/video/ver/pediram-a-conan-os%C3%ADris-para-n%C3%A3o-atuar-na-eurovis%C3%A3o-sabe-porqu%C3%AA/vi-AAB7LXK
No entanto, mais do que tudo, a Eurovisão é um evento comercial de entretenimento que mostra como esta indústria se vergou ao lucro, sem grandes preocupações éticas ou estéticas (ou sombra de decência). Basta considerar o facto de nenhum dos 41 concorrentes ter boicotado o evento, ou o facto da pretensa 'rainha do pop' ter aceite actuar no evento (em troca de uma quantia choruda!), embora tenha havido vários pedidos para que não actuasse e a organização do certame tenha exigido que a cantora não fizesse quaisquer comentários sobre as polémicas*.
Mas o que é muito menos discutido e é aquilo que salta à vista de quem tenha um mínimo de sensibilidade musical ou estética, é a manifesta falta de qualidade das canções (quase nenhuma cantada na língua do país de origem...) e o gritante mau gosto e vulgaridade da maioria das 'performances', que deveriam envergonhar os cidadãos dos países representados. Todavia, até o jornalista da DW, autor da notícia citada no início, se refere aos participantes como 'fascinating pop singers' e ao evento como 'musical extravaganza'! Podem invocar que se trata apenas de música pop festiva e inofensiva, sem quaisquer pretensões de erudição, mas isso não justifica o espectáculo degradante e aberrante de hedonismo acéfalo em que se tornou aquele evento e mostra o estado calamitoso a que chegou a cultura musical popular europeia. Deviam chamar ao festival da Eurovisão aquilo que ele é realmente: Eurotrash! O lema desta edição, 'Dare to dream', é o eufemismo perfeito para tentar esconder o verdadeiro pesadelo audiovisual em que se converteu.
* Já depois de publicar este post soube que Madonna afinal causou algum incómodo ao governo israelita com a sua actuação - menos mal:
https://www.dn.pt/cultura/interior/eurovisao-ministra-israelita-critica-uso-de-bandeira-palestiniana-em-atuacao-de-madonna-10916479.html
Mas nem todos ficaram impressionados com a prestação da cantora:
https://www.theguardian.com/tv-and-radio/2019/may/19/madonna-was-excruciating-eurovision-2019

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