Já não chegava a toxicidade da propaganda feita por todos os media que promove o lixo (pretensamente) cinematográfico da grande máquina hollywoodesca sem que ninguém se indigne - todos os jornais nacionais publicaram artigos sobre o filme, tecendo elogios e enaltecendo o êxito de bilheteira, sem que as pretensas notícias fossem assinaladas como 'conteúdo patrocinado'. Ou as campanhas de merchandising das corporações de fast-food e bebidas açucaradas que intoxicam os corpos dos jovens. Com efeito, o impacto tóxico é ampliado ainda mais pelos efeitos psicológicos desastrosos dos conteúdos visuais e psico-sociais nada subtis desta indústria letal norte-americana. A publicidade a perfumes, desodorizantes, etc., também ajuda à festa, promovendo os estereótipos mais simplistas. É trágico demais para ser verdade!... E depois ainda se admiram com os assédios, a violência nas relações e a misoginia... Vejam-se as recentes barbaridades praticadas nas Queimas das Fitas, que se vêm juntar às práticas humilhantes e sexistas das praxes*, que, por sua vez, são toleradas pelas universidades, mas também pela sociedade e pelas famílias, apesar das declarações de indignação ou de boas intenções de personalidades de diversos sectores. Claro que não posso afirmar que existe uma relação directa de causa-efeito entre os filmes de hollywood e o sexismo dos jovens portugueses, mas a normalização e promoção social daqueles tem certamente influência no tipo de valores e nas práticas de socialização dos grupos mais influenciáveis e vulneráveis.
Toxicidade da cultura da hiper-masculinidade 'made in USA', Inês Castilho (Mai 2019):
"Marcada pela antifeminilidade
e violência, a masculinidade tradicional afeta mental e psiquicamente os
meninos, demonstra novo estudo. Que leva a indústria cultural a estimular uma
hipermasculinidade, como em “Vingadores”? (...) [O filme] tomou de
assalto o imaginário de crianças e jovens. E assaltou também a alimentação,
numa sinistra ação de marketing Disney-McDonald’s que brinda o consumo de mac
lanches com bonecos vingadores em miniatura. Colonização de corpos e mentes,
transformados em fonte de lucros inimagináveis. (…) Mais de 40 anos de
pesquisas mostram que a masculinidade tradicional é psicologicamente
prejudicial e que a socialização dos meninos para reprimir emoções causa danos
que repercutem interna e externamente, diz a APA (Assoc. Americana de
Psicologia)."
Seguem links para um post e um video sobre o mesmo tema:
Seguem links para um post e um video sobre o mesmo tema:
'Toxic
Masculinity and American Culture', Emily Kirwin (2017):
“Too often we define masculine strength by who can blow away the most
people, who can flex the most muscle, who can impose their will and inflict the
most damage. But this cheapens the real definition of strength and toughness.
(…) we should respect the toughness and
strength of men who challenge the myth of that being a real man requires
putting up a false front, disrespecting others, and engaging in violent and
self-destructing behavior.” Jason Katz
'Toxic
Masculinity in Boys is Fueling an Epidemic of Loneliness' (NBC News 2018): https://youtu.be/RbX76n6A160* Ver p.ex. uma notícia recente, uma entrevista e um artigo de opinião:
https://www.jn.pt/local/noticias/porto/porto/interior/excessos-e-sexismo-nas-noites-da-queima-do-porto-10877625.html
https://observador.pt/especiais/nao-facas-a-cadeira-dele-sexismo-assedio-discriminacao-e-racismo-nas-universidades-portuguesas/
https://www.publico.pt/2014/01/27/p3/cronica/o-problema-das-praxes-nao-tem-nada-a-ver-com-praxes-1819031
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