terça-feira, 25 de junho de 2019

Na Nova Zelândia o bem-estar e a sustentabilidade passam a ser as prioridades governativas – em vez do aumento do PIB

Na Europa, as prioridades governativas nacionais e as directivas europeias continuam a ser guiadas pela criação de 'riqueza' e pelo crescimento económico. Mesmo que isso não conduza necessariamente ao aumento do bem-estar das populações, nem à sustentabilidade ambiental. Os decrescentistas e outros críticos do modelo de desenvolvimento dominante há muito que defendem que economias baseadas no crescimento do PIB e na externalização dos custos ambientais e sociais estão condenadas à insustentabilidade e ao colapso. Recentemente foi mesmo proposto um pacto de bem-estar e sustentabilidade para substituir o Pacto de Estabilidade e Crescimento que dita as políticas europeias, embora não pareça ter tido (por enquanto) grande receptividade. Chega agora a notícia de que o governo de coligação da primeira-ministra trabalhista da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, acaba de apresentar o primeiro ‘Orçamento do Bem-Estar’ que põe em causa a hegemonia do PIB (ver p.ex. artigo da Visão):
Grande parte das notícias sobre esta iniciativa revolucionária dão ênfase às medidas que pretendem promover o bem-estar físico e psicológico das populações, mas as prioridades do orçamento apresentado compreendem de facto cinco objectivos principais: melhorar a saúde mental, reduzir a pobreza infantil, mitigar as desigualdades enfrentadas pelos povos indígenas Maori e das ilhas do Pacífico, garantir a prosperidade na era digital e fazer a transição para uma economia sustentável de baixo carbono. A PM Ardern defendeu que o progresso dum país não deve somente ser medido pelo aumento do PIB pois este não garante o bem-estar de todos, numa clara referência às crescentes desigualdades sociais dos países ditos ‘desenvolvidos’ (incluindo o seu). Embora a oposição acuse a proposta de orçamento de mero ‘marketing’ político, as medidas de natureza ambiental, que contemplam a conservação de ecossistemas, a mitigação da mudança climática, a gestão dos recursos hídricos e o uso sustentável dos solos, têm sido elogiadas:
Vai ser muito interessante acompanhar os próximos desenvolvimentos e a operacionalização destas políticas, que contrastam com as do seu vizinho australiano onde as recentes eleições deram a vitória ao governo conservador liderado pelo PM Scott Morrison, que continua a apostar no modelo económico neoliberal insustentável.

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