Na Europa, as prioridades governativas nacionais e as directivas
europeias continuam a ser guiadas pela criação de 'riqueza' e pelo crescimento
económico. Mesmo que isso não conduza necessariamente ao aumento do bem-estar das populações,
nem à sustentabilidade ambiental. Os decrescentistas e outros críticos do
modelo de desenvolvimento dominante há muito que defendem que economias
baseadas no crescimento do PIB e na externalização dos custos ambientais e
sociais estão condenadas à insustentabilidade e ao colapso. Recentemente foi
mesmo proposto um pacto de bem-estar e sustentabilidade para substituir o Pacto
de Estabilidade e Crescimento que dita as políticas europeias, embora não pareça
ter tido (por enquanto) grande receptividade. Chega agora a notícia de que o governo de
coligação da primeira-ministra trabalhista da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, acaba
de apresentar o primeiro ‘Orçamento do Bem-Estar’ que põe em causa a hegemonia
do PIB (ver p.ex. artigo da Visão):
Grande parte das notícias sobre esta iniciativa
revolucionária dão ênfase às medidas que pretendem promover o bem-estar físico
e psicológico das populações, mas as prioridades do orçamento apresentado
compreendem de facto cinco objectivos principais: melhorar a saúde mental,
reduzir a pobreza infantil, mitigar as desigualdades enfrentadas pelos povos
indígenas Maori e das ilhas do Pacífico, garantir a prosperidade na era digital
e fazer a transição para uma economia sustentável de baixo carbono. A PM Ardern
defendeu que o progresso dum país não deve somente ser medido pelo aumento do PIB pois
este não garante o bem-estar de todos, numa clara referência às crescentes
desigualdades sociais dos países ditos ‘desenvolvidos’ (incluindo o seu).
Embora a oposição acuse a proposta de orçamento de mero ‘marketing’ político,
as medidas de natureza ambiental, que contemplam a conservação de ecossistemas,
a mitigação da mudança climática, a gestão dos recursos hídricos e o uso
sustentável dos solos, têm sido elogiadas:
Vai ser muito interessante acompanhar os próximos
desenvolvimentos e a operacionalização destas políticas, que contrastam com as
do seu vizinho australiano onde as recentes eleições deram a vitória ao governo
conservador liderado pelo PM Scott Morrison, que continua a apostar no modelo
económico neoliberal insustentável.
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