terça-feira, 2 de julho de 2019

Não há planeta B, mas há plano B: decrescer!

Esta frase foi retirada de um artigo de fundo publicado a semana passada (27 Jun) no semanário regional Jornal de Leiria e que tem por tema o decrescimento como proposta de compatibilização do bem-estar social e económico com a sustentabilidade ambiental e a justiça social e intergeracional: https://www.jornaldeleiria.pt/noticia/ambiente-vs-economia-um-beco-sem-saida-10402
O artigo, escrito pelo jornalista Cláudio Garcia, dá exemplos de iniciativas locais (região de Leiria) que, mesmo não assumindo esse rótulo, promovem práticas decrescentistas: auto-suficiência, frugalidade, redução do consumo e do desperdício, minimalismo, consumo consciente e sustentável, práticas agrícolas regenerativas. Complementa-as com as posições e propostas de membros da Rede para o Decrescimento e com o depoimento de uma investigadora universitária  em políticas decrescentistas (que também integra aquela Rede) e que estudou várias iniciativas e projectos nacionais afins do decrescimento. O artigo dá uma visão global acertada e equilibrada do Decrescimento, alertando para a necessidade de complementar as iniciativas individuais com propostas colectivas e institucionais coerentes. No entanto, nem sempre reproduz correctamente algumas das ideias-chave dos decrescentistas - o decrescimento não propõe, por exemplo, um "regresso às origens através do emagrecimento da economia", mas sim resgatar o verdadeiro significado da palavra economia através de abordagens (usando p.ex. indicadores como o Índice de Progresso Genuíno ou a Felicidade Interna Bruta, para substituir o PIB) e práticas que a compatibilizem com a ecologia (e com a justiça social). Essas práticas implicarão necessariamente uma redução da produção e do consumo para níveis sustentáveis, mas tirarão partido dos recursos, competências, práticas e tecnologias mais adequados, disponíveis em cada território.
Uma leitura que recomendo e que mostra como as propostas do decrescimento começam a fazer cada vez mais sentido numa sociedade que se aproxima perigosamente da rotura ambiental, social, cultural e psicológica, mas onde o discurso político e mediático dominante teima em não enfrentar a realidade.
(ver também os meus posts anteriores com a etiqueta 'Decrescimento')

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