(Nota prévia: uma versão deste post foi submetida para publicação no suplemento P3-Megafone do jornal Público, mas não foi aceite)
“Alguém que acredite que o crescimento exponencial pode continuar infinitamente num mundo finito ou é louco ou é economista.” Esta afirmação é uma citação famosa atribuída ao economista norte-americano Kenneth Boulding (1910-1993). No entanto, o crescimento económico tem sido a pedra de toque do discurso político e da prática económica a nível mundial há várias décadas, conferindo-lhe uma aceitação quase universal como via preferencial para alcançar o bem-estar social e a prosperidade nas sociedades desenvolvidas. Todavia, há cada vez mais vozes na academia e na sociedade civil a alertar para as consequências ambientais e sociais nefastas do modelo sócio-económico global dependente do crescimento permanente da produção e do consumo – esgotamento de recursos, crise climática, destruição de ecossistemas e biodiversidade, agudização das desigualdades – e para a necessidade de encontrar alternativas que garantam um futuro sustentável para todos. Foi no sentido de celebrar essas alternativas que o colectivo internacional ‘Degrowth web portal’ propôs a celebração do ‘Dia Global do Decrescimento - Uma vida boa para todos’ no passado dia 1 Junho. Nesse dia, houve mais de 50 eventos públicos em diferentes países para divulgar e reflectir sobre alternativas às sociedades baseadas no crescimento - desde um piquenique em El Salvador com comida caseira e discussões sobre a produção de alimentos, até um festival de decrescimento em Montreal com palestras, música e teatro. A maioria das iniciativas decorreu na Europa, tendo sido organizados cinco eventos em Portugal. A Rede para o Decrescimento, grupo informal de activistas que iniciou a sua actividade em Julho de 2018 e do qual sou membro, promoveu uma Caminhada pelo Decrescimento em Lisboa (percurso pedestre e piquenique; fotos no final deste ‘post’) e o encontro Decrescer para Viver no Porto (jantar e conversa). O CIDAC organizou duas oficinas e um mercado de trocas na Loja de Comércio Justo em Picoas (Lisboa). A Cooperativa Integral Minga organizou em Montemor-o-Novo um Piquenique para o Decrescimento, onde apresentou o‘Commonspoly’, versão alternativa do jogo de tabuleiro Monopólio que promove a cooperação em vez da competição. O projecto Flor de Culturas promoveu a iniciativa ‘A-B-C do decrescimento’ integrada nas comemorações do Dia da Criança em Alcanhões (Santarém).
“Alguém que acredite que o crescimento exponencial pode continuar infinitamente num mundo finito ou é louco ou é economista.” Esta afirmação é uma citação famosa atribuída ao economista norte-americano Kenneth Boulding (1910-1993). No entanto, o crescimento económico tem sido a pedra de toque do discurso político e da prática económica a nível mundial há várias décadas, conferindo-lhe uma aceitação quase universal como via preferencial para alcançar o bem-estar social e a prosperidade nas sociedades desenvolvidas. Todavia, há cada vez mais vozes na academia e na sociedade civil a alertar para as consequências ambientais e sociais nefastas do modelo sócio-económico global dependente do crescimento permanente da produção e do consumo – esgotamento de recursos, crise climática, destruição de ecossistemas e biodiversidade, agudização das desigualdades – e para a necessidade de encontrar alternativas que garantam um futuro sustentável para todos. Foi no sentido de celebrar essas alternativas que o colectivo internacional ‘Degrowth web portal’ propôs a celebração do ‘Dia Global do Decrescimento - Uma vida boa para todos’ no passado dia 1 Junho. Nesse dia, houve mais de 50 eventos públicos em diferentes países para divulgar e reflectir sobre alternativas às sociedades baseadas no crescimento - desde um piquenique em El Salvador com comida caseira e discussões sobre a produção de alimentos, até um festival de decrescimento em Montreal com palestras, música e teatro. A maioria das iniciativas decorreu na Europa, tendo sido organizados cinco eventos em Portugal. A Rede para o Decrescimento, grupo informal de activistas que iniciou a sua actividade em Julho de 2018 e do qual sou membro, promoveu uma Caminhada pelo Decrescimento em Lisboa (percurso pedestre e piquenique; fotos no final deste ‘post’) e o encontro Decrescer para Viver no Porto (jantar e conversa). O CIDAC organizou duas oficinas e um mercado de trocas na Loja de Comércio Justo em Picoas (Lisboa). A Cooperativa Integral Minga organizou em Montemor-o-Novo um Piquenique para o Decrescimento, onde apresentou o‘Commonspoly’, versão alternativa do jogo de tabuleiro Monopólio que promove a cooperação em vez da competição. O projecto Flor de Culturas promoveu a iniciativa ‘A-B-C do decrescimento’ integrada nas comemorações do Dia da Criança em Alcanhões (Santarém).
A comunidade decrescentista é um movimento plural de justiça
global, sustentabilidade e bem-estar. Defende para os países e territórios com
pegadas ambientais e desigualdades sociais excessivas, a redução da produção e
consumo de bens e serviços para níveis sustentáveis, a relocalização das
actividades económicas e a redução dos horários de trabalho, promovendo, ao
mesmo tempo, a frugalidade e simplicidade voluntárias, e procurando garantir mecanismos
de equidade e justiça social. Os decrescentistas sustentam que a resultante
redução de bens materiais e de conforto para uma parte das populações daqueles
territórios será acompanhada dum aumento dos níveis de satisfação emocional e
psicológica, bem como do aumento dos bens relacionais e conviviais.
Embora as perspectivas decrescentistas não tenham ainda uma presença
regular no espaço mediático, vão surgindo alguns artigos
e entrevistas que trazem para o debate público as questões-chave do Decrescimento
e as suas implicações em diferentes áreas da sociedade, como a sustentabilidade ambiental, o consumo
ou o urbanismo.
Iniciativas como o Dia Global do Decrescimento são uma outra forma de dar
visibilidade às propostas e práticas sociais e económicas alternativas já existentes,
contribuindo para o seu escrutínio público. Juntos, queremos mostrar que uma
vida boa para todos é possível!Vale de Alcântara
Bairro da Liberdade
Projecto de Agrofloresta 'Bela Flor Respira' (Bairro da Bela Flor)
Piquenique (Parque da Pedra, Monsanto)
vamos lá! partilhei no facebook :)
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