"(...) realizado em 2000, mostra uma realidade que nessa altura poucos conheciam. A actividade de respigar, outrora reconhecida pela sociedade, tornou-se num acto marginal, mas que constitui para muitos dos que a fazem uma questão de sobrevivência. Os respigadores contemporâneos retratados neste documentário, que vivem do que a maioria desperdiça ou rejeita, revelam-nos uma dimensão da nossa sociedade que se caracteriza pelo excesso e pelo desperdício. Penso que o documentário se tornou agora ainda mais pertinente: é em momentos de crise como aquele que atravessamos que a capacidade de resiliência humana é posta à prova."
Mais recentemente pude ver a sua penúltima obra, 'Visages, villages' (2017), filmada em parceria com um outro artista visual bem mais jovem (JR), sobre a qual escrevi: "Um delicado, sensível e bem-humorado documentário-a-duas-mãos (ou antes, dois-olhares) que nos dá a ver o desenrolar do processo de criação e de conhecimento mútuo dos seus dois autores-criadores. Quando a imaginação (e os imaginários) se abrem e se aliam à sensibilidade e à atenção ao(s) outro(s), o resultado só podia ser esplêndido."
Sobre o seu cinema dizia a própria: "Eu não quero mostrar as coisas, mas dar às pessoas o desejo de ver." Obrigado Agnès.
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