sábado, 2 de maio de 2020

Documentários e vídeos em tempos de pandemia

Aproveitando o início da fase de desconfinamento nesta travessia da pandemia da Covid-19, proponho o visionamento de três documentários e dois vídeos curtos. Não estando directamente relacionados com a pandemia, qualquer dos três documentários propõe reflexões sobre os nossos modos de ver e de agir sobre o mundo, que nos podem ajudar a orientar a forma como lidamos com um processo que, desejavelmente, não seja um mero 'regresso à normalidade' (tema dos meus dois posts anteriores).
O primeiro ('The Twelve', realizado por Lucy Martens & Olivier Girard) foi lançado em 2019 e dá voz a doze anciãos (líderes espirituais ou xamãs) de povos/comunidades indígenas de diversos pontos do globo, que partilham, não só as suas visões do mundo que são colocadas em diálogo ou contraponto com as visões hegemónicas da civilização global, mas também as suas propostas para lidar com as disfuncionalidades das sociedades modernas:
https://vimeo.com/374476997 (1h15; c/ legendas PT)
O segundo ('Planet of the Humans', realizado por Jeff Gibbs) foi divulgado no Dia da Terra (que se celebrou no dia 22 Abril*) e apresenta uma visão crítica da agenda ambientalista de promoção da transição energética e das energias 'verdes' ou 'limpas': https://youtu.be/Zk11vI-7czE (1h40) 
O filme foi produzido pelo realizador Michael Moore, cujos documentários geram frequentemente controvérsia. E este novo filme não foge à regra: tendo gerado críticas muito duras, quer da parte de vários ambientalistas, quer de comentadores da esquerda política: ver p.ex. aqui. Apesar de conter incorrecções e distorções mais ou menos graves de alguns aspectos relacionados com as fragilidades das tecnologias solares e eólicas, o documentário põe claramente um dedo na ferida ao defender que a transição para as energias renováveis não é compativel com os actuais níveis de vida e de consumo na maioira dos países ditos desenvolvidos ou industrializados. Para críticas mais moderadas e equilibradas ver aqui ou aqui. O realizador, ele próprio um activista das questões ambientais, terá porventura falhado numa defesa clara da necessidade de uma transição rápida para as energias renováveis (valendo-lhe inclusivamente elogios de sectores conservadores), mas está a conseguir gerar um debate em torno de algumas propostas da agenda do chamado 'Green New Deal' que devem de facto ser postas em causa, como aliás o têm feito numerosos decrescentistas - ver p.ex. aqui ou aqui.

O terceiro ('Fairytales of Growth', realizado por Pierre Smith Khanna) é um documentário acabado de lançar este ano, que promove e discute exactamente  as propostas do movimento do Decrescimento:
https://youtu.be/dQ4cpOKmde8 (47’)
Baseado em entrevistas e depoimentos de vários investigadores e activistas decrescentistas, mas também de outros activistas, em particular dos movimentos juvenis pelo clima, o documentário parte da ligação entre o modelo económico e a crise ambiental para dar a conhecer as lutas e propostas de economia solidária e justiça social que visam contribuir para (re)construir uma sociedade justa e sustentável.

Finalmente, os dois vídeos curtos transmitem mensagens semelhantes sobre a actual situação pandémica e os seus impactos, incitando as pessoas a reflectir sobre que tipo de vida e de futuro querem para si e para as suas comunidades:
- 'Lettera dal coronavirus' (#ascolta), por Darinka Montico:
https://youtu.be/a2gdztJU1zY (3’40) (é possível activar leg. PT ou noutras línguas)
- 'What we might learn from Covid-19' (O que podemos aprender com a Covid-19),  por Kristin Flyntz (Sustainable Human): https://youtu.be/XELczQ3JWQY (5’20)
Para complementar estes visionamentos, volto a recomendar a leitura do magnífico 'O Monólogo do Vírus', texto que mencionei num post anterior.
Bons visionamentos.

* No Dia do Ambiente do ano passado tinha proposto o visionamento de outros dois documentários extraordinários ('Terra' e 'Semente'), que vale sempre a pena ver ou rever - links para os filmes aqui.

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