quarta-feira, 20 de maio de 2020

O regresso da droga legal

Quem me conhece sabe que não morro de amores pelo futebol. Na verdade, é mais do que isso: tenho-lhe um 'ódiozinho de estimação'. E não é apenas pelo efeito estupidificante e alienante que ele exerce sobre as pessoas (conhecidas como 'adeptos' ou 'fãs') - basta lembrar que é o tema preferido de muitos homens (maioritariamente), que lhe dedicam horas de conversas empolgadas (e banais). O mesmo acontece nas TVs, onde ocupa tempos infindos de programação, inclusive nos serviços noticiosos, em detrimento de qualquer outro desporto e sem que ninguém se pareça incomodar ou questionar (ver p.ex. aqui ou aqui). A outra razão da minha rejeição do futebol tem a ver com a máquina de fazer dinheiro em que se tornou e que o converteu num antro de corrupção e de tráfico de influências, devido às inegáveis promiscuidades com o mundo da política (ver p.ex. aqui ou aqui). Basta lembrar o recente escândalo que ficou conhecido por 'Football Leaks' (ver aqui ou aqui).



Vem isto a propósito das notícias recentes nos media nacionais e internacionais sobre o regresso do futebol, que também tinha ficado suspenso em consequência da pandemia da Covid-19 (ver p.ex. aqui ou aqui). Na verdade, para além da 'reabertura da economia', o governo já vinha anunciando que iria autorizar a retoma do "desporto-rei" (ver aqui ou aqui). Só que os adeptos terão de permanecer em casa, não podendo rumar aos estádios, e a realização dos jogos, mesmo sem público, terá de respeitar diversas medidas sanitárias - também aqui se fala de uma "nova normalidade" (ver p.ex. aqui). Mesmo assim, as perspectivas de "matar a fome de bola" (expressão usada pela directora executiva da FPF, segundo esta breve notícia) estão mais próximas de se tornar realidade. E como não há fome que não dê em fartura, prometem jogos todos os dias da semana para saciar os adeptos mais desnutridos, muitos dos quais já deviam estar a sofrer de síndrome de abstinência. Como escreveu José Pacheco Pereira num artigo de opinião no Público em 2018: "Há muitas coisas que ajudam a estupidificar o país. Mas, nos dias de hoje, a mais eficaz é o futebol. (…) O futebol é a coisa mais parecida com a máfia que existe em Portugal — ou melhor, é a nossa máfia lusitana. Eles produzem a cocaína, muitas vezes em sentido literal, mas a rede de distribuição é a comunicação social. (…) O futebol é um estimulante, com efeitos anestésicos, utilizado fundamentalmente como uma droga recreativa, muito útil quando há pouco pão, para que haja muito circo." Na situação actual, é também um pretexto para esquecer as amarguras do coronavírus, pelo menos durante duas horas, como defende um futebolista galego do Real Madrid (ver aqui).

1 comentário:

  1. Sempre achei que uma das principais virtudes da alegada pandemia era precisamente o verdadeiro corte epistemológico, a machadada benéfica de obrigar os tugas a parar de discutir bola em todos os cafés, esplanadas, lares, estações de Tv, jornais, etc. Naturalmente que como verdadeiros adictos da droga, os tugas já andavam a cair em stress pós-traumática devido à carência do Shit quelhes entrava pelas goelas adentro todos os dias, a todas as horas e em quase todos os cais, em doses super-cavalares. Compreendendo o governo o enorme perigo que seria deixar o vulgo ignaro sem circo e quase sem pão, então vá de servir as doses do produto, para manter as massas anestesiadas, alienadas, submissas e até complacentes com a ordem estabelecida. Mas e a recessão, o 5G, a Nova Ordem, A esquadra da NATO,a anexação da margem ocidental os refugiados...??? Ora, isso depois logo se vê.

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