domingo, 10 de novembro de 2019

Trinta anos após a queda de um muro icónico na Europa há cada vez mais muros invisíveis

Aproveitando a efeméride do 30º aniversário da queda do Muro de Berlim a 9 Nov, foi publicado esta semana (5 Nov) pelo 'think tank' progressista 'Transnational Institute' um relatório da autoria de Mark Akkerman, intitulado 'The Business of Building Walls':
https://www.tni.org/en/businessbuildingwalls
Esta publicação foi divulgada pelo site noticioso Euronews (entre outros):
https://www.euronews.com/2019/11/05/europe-has-built-barriers-six-times-the-length-of-the-berlin-wall-since-1989
https://pt.euronews.com/2019/11/08/estado-da-uniao-o-muro-de-berlim-e-os-muros-em-construcao
Aquele documento defende que a Europa tem, desde então, voltado a erguer muros, desta vez motivados não por divisões ideológicas, mas sim por alegados medos em relação às vagas de migrantes e refugiados provenientes do Norte de África e do Médio Oriente. O relatório descreve não só os diversos muros físicos erguidos ao longo dos últimos anos (p.ex., na Turquia, na Hungria ou na Bulgária), mas também todos os novos sistemas de defesa das suas fronteiras, que vão desde radares e drones a sofisticados sistemas de vigilância, e que implicaram investimentos públicos de cerca de 17,5 mil milhões de euros em 2018. Os principais beneficiários destes negócios milionários foram grandes empresas europeias de sistemas de defesa militares e armamento, como a Leonardo, a Thales ou a Airbus. Estas mesmas empresas são igualmente as principais exportadoras de armamento para países africanos e do Médio Oriente, contribuindo assim perversamente para os conflitos que estiveram na origem da migração das populações que pretendem entrar na Europa. 
Na recente celebração do aniversário da queda do Muro de Berlim, o Presidente alemão alertou para os ‘muros invisíveis’ em referência ao resentimento e divisões internas no seu país, mas não se referiu aos daquele relatório:
Esta notícia termina com um destaque à ‘celebração da liberdade’ – devem talvez estar a referir-se à conquista da liberdade de consumir e de fazer negócio ou de transformar em mercadoria tudo o que mexe à face da Terra, incluindo os medos dos europeus, para gáudio dos ricos e poderosos…
Um dos muros físicos que é referido no relatório foi tema de uma reportagem recente do jornal britânico ‘The Guardian’ - trata-se da cerca que separa o enclave espanhol de Melilla (em Marrocos) do norte de África: 
https://www.theguardian.com/cities/video/2019/nov/06/make-spain-great-again-does-melilla-really-need-a-trump-style-wall-video 
Neste vídeo, ouve-se o líder local do partido Vox (um dos vencedores das eleições de 10 Nov em Espanha) e grande defensor da cerca, proferir a frase roubada a Trump: ‘Make Spain Great Again’!...

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