Esta é uma das mensagens dos defensores do decrescimento, que propõem não só desafiar a primazia do PIB como principal prioridade política, mas também a redução da produção e consumo para níveis sustentáveis, contraindo o sistema económico para dar mais espaço aos ecossistemas e à cooperação, garantindo uma redistribuição justa de rendimentos e recursos. Um estudo recente apresentado pelo 'think-tank' internacional 'Circle Economy' no WEF em Davos fornece alguns números globais que falam por si:
https://www.theguardian.com/environment/2020/jan/22/worlds-consumption-of-materials-hits-record-100bn-tonnes-a-year
https://jornaleconomico.sapo.pt/noticias/reutilizacao-de-recursos-em-declinio-economia-mundial-e-apenas-86-circular-536007
Das mais de 100 mil milhões de toneladas de recursos (minerais, combustíveis fósseis, metais e biomassa) usados todos os anos em processos produtivos (dados referentes a 2017), 15% são convertidas em emissões de CO2 e outros GEE, 33% são tratadas como resíduos (aterros e depósitos de resíduos), 25% são descartadas para o ambiente (incluindo plástico lançado nos oceanos) e apenas menos de 9% são efectivamente recicladas. Enquanto a quantidade de recursos extraídos mundialmente aumentou 9% de 2015 para 2017, a taxa de reutilização aumentou apenas 3%. Segundo o CEO da 'Circle Economy': "Arriscamos-nos a um desastre global se continuarmos a tratar os recursos do planeta como se fossem ilimitados." O relatório inclui propostas de medidas concretas baseadas no conceito de economia circular.
No entanto, apesar de toda a retórica da desmaterialização da economia, do 'consumo verde' e da implementação de ferramentas de gestão que promovem a economia circular (ver p.ex. aqui), é evidente que o modelo económico actual alicerçado no crescimento não vai conseguir atingir as metas da sustentabilidade. Teremos mesmo de decrescer (economias ricas e privilegiadas) para vivermos melhor e garantirmos um futuro digno para todos. Este será o tema de um encontro no próximo dia 8 Fev em Montemor-o-Novo, promovido pela Rede para o Decrescimento em parceria com duas iniciativas locais: a Cooperativa Integral Minga e a Rede de Cidadania de Montemor - ver aqui.
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