Foi divulgado um novo aviso do grupo de cientistas que
lançou uma advertência à humanidade em 2017 (‘Alliance of World Scientists’)
desta feita respeitante à emergência climática – ‘World scientists’ warning of
a climate emergency’ (Ripple et al. 2019): https://scientistswarning.forestry.oregonstate.edu/sites/sw/files/climate%20emergency%20Ripple%20et%20al%20%209-6-19.pdf
(Tradução PT da versão
abreviada) "Nós, cientistas, temos a obrigação moral de alertar claramente a
humanidade sobre qualquer grande ameaça existencial. Neste artigo, apresentamos
um conjunto de gráficos de indicadores vitais das mudanças climáticas nos
últimos 40 anos. Os resultados mostram que as emissões de gases de efeito
estufa continuam a aumentar, com efeitos cada vez mais prejudiciais. Com poucas
excepções, estamos a falhar redondamente na resolução desta calamidade. A crise
climática está a avançar mais rapidamente do que muitos cientistas esperavam. É
mais grave do que o previsto, ameaçando os ecossistemas naturais e o destino da
humanidade. Sugerimos seis acções críticas e inter-relacionadas que os governos
e o resto da humanidade podem adoptar para diminuir os piores efeitos das
mudanças climáticas, cobrindo 1) Energia, 2) Poluentes de vida curta, 3)
Natureza, 4) Alimentos, 5) Economia e 6) População. Mitigar e adaptar-se às
mudanças climáticas implica transformações nas formas como nos governamos,
gerimos, alimentamos e suprimos as nossas necessidades de recursos materiais e
energia. Sentimo-nos encorajados pela recente onda de consternação global.
Órgãos governamentais têm vindo a declarar emergência climática. O Papa emitiu
uma encíclica sobre mudança climática. Os estudantes têm promovido greves pelo
clima. Diversos processos judiciais de ecocídio têm dado entrada em tribunais
pelo mundo. Os movimentos de base de cidadãos exigem mudanças. Como cientistas,
pedimos o amplo uso dos nossos dados e antecipamos que os indicadores gráficos ajudarão
os decisores políticos e os cidadãos a entender a magnitude desta crise,
acompanhar o seu progresso e realinhar as prioridades para mitigar as mudanças
climáticas. A boa notícia é que essa mudança transformadora, acompanhada de
justiça social e ecológica, promete maior bem-estar humano a longo prazo do que
prosseguir com o ‘business as usual’. Acreditamos que as perspectivas serão melhores
se os decisores políticos e o resto da humanidade responderem prontamente ao
nosso aviso e declaração de emergência climática e agirem para sustentar a vida
no planeta Terra, o nosso único lar."
Trata-se de um texto mais assertivo do que o de 2017 (embora
sem uma crítica categórica ao paradigma económico/financeiro ou ao modelo
tecno-industrial) mas aparentemente sem a projecção mediática do anterior -
talvez aguardem a publicação definitiva (o texto disponível é uma versão submetida para publicação e ainda estão a recolher subscrições).
Desta vez os autores incluem a economia como uma das áreas
prioritárias para a mitigação da mudança climática, mas a crítica ao sistema
económico e financeiro continua demasiado branda.
No site do colectivo estão disponíveis algumas reacções ao artigo de
2017, incluindo uma que destaca exactamente o crescimento económico como uma
das duas principais causas da crise ambiental, defendendo que a sustentabilidade não é possível num sistema económico global baseado no crescimento permanente da produção e do consumo (Pacheco et al 2018): https://scientistswarning.forestry.oregonstate.edu/sites/sw/files/Pacheco2018.pdf
Bem mais assertivo na crítica ao artigo de 2017 é um
comentário de dois autores afins das posições decrescentistas, que denuncia o facto de os autores do aviso não apelarem à prossecução de objectivos de justiça social e ambiental (agora contemplados no novo aviso):
Um outro aspecto já levantado numa das respostas publicadas em 2018,
é agora realçado num artigo mais recente que defende o envolvimento político
dos cientistas e o seu apoio aos movimentos cidadãos de desobediência civil (Gardner and Wordley 2019):
https://scientistswarning.forestry.oregonstate.edu/sites/sw/files/NEE_Sept2019.pdf
Para mais informação consultar o site: https://scientistswarning.forestry.oregonstate.edu/
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